QUANDO PENSO

 

 

Às vezes acho que estou enlouquecendo e penso em Ana Paula Arósio, em futebol, ganho ares de quem anda na península ibérica e até suponho que sou gente.

Às vezes penso que sou normal: vou à padaria, compro cerveja e pizza, fumo um cigarrinho e se não demoro vejo a novela das oito.

Às vezes penso que sou bandido: tenho vontade de pegar aquela mina, espremê-la contra a parede e exigir reciprocidade.

Às vezes penso que sou herói: vou sozinho ao mais violento dos bairros, converso com qualquer um como se fosse um deles e saio incólume.

Às vezes penso que nasci em berço de ouro: vou a cinco países, visito todos os museus, conheço todo cartão postal e entro no Cassino de Monte Carlo com ares de Humphery Bogart.

Às vezes penso que sou médico: olho com indiferença para o semelhante e decreto sua morte ou sua eterna invalidez.

Às vezes penso que sou sociólogo, decreto a estabilidade, a abertura dos portos, congelo rendimentos, reprimo sentimentos e manejo os dados que inventei.

Às vezes penso que sou normal: como pizza, tomo cerveja, ouço Elis Regina e deito no sofá.

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