ANO NOVO

 

 

A partir da meia-noite fiz o que todo mundo faz em todo mundo: olhei para o céu, vi os fogos de artifício ferindo nossos ouvidos e apavorando os cães. Mais ou menos como quando menino no Interior, com algumas diferenças. Por exemplo: não havia tanto barulho e as emissoras de rádio eram mais discretas, tocando preferencialmente música clássica.

Após o momento solene da passagem do ano, com abraços e beijos entre amigos e familiares, os alto-falantes enchiam nossos ouvidos de Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Francisco Alves, Ângela Maria, Núbia Lafayete, Miltinho e demais chorões da época. Talvez não fosse assim nas grandes cidades, mas nas pequenas o que predominava era o som dos alto-falantes na praça da Matriz.   

Hoje em dia temos em nossas próprias mãos as imagens e o som das festas do mundo inteiro. Ao invés de conversarem, alguns dão preferência às mensagens eletrônicas. Mesmo dentro de casa, a família reunida, preferem comunicar-se com pessoas distantes, graças às facilidades da internet, o que é muito bom, exceto para os que não estão ligados neste formato e ficam com cara de bobo, olhando os outros. São momentos que não duram toda a noite, é verdade, mas às vezes irritam.

Felizes são os que vão às praias e se confraternizam cordialmente, inclusive com pessoas que sequer conhecem. Já experimentei essa felicidade no litoral pernambucano e no de São Paulo. É melhor andar na areia do que confinado num apartamento.

O tom das festas de Natal e Ano Novo é semelhante ao do Carnaval. Quando tudo termina vem a ressaca, a tristeza, a lembrança das coisas boas e das mazelas da vida. Só nos resta deixar pra lá, esquecer, relevar.  

SP 01/01/2022.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOVAS EMOÇÕES

QUESTÕES DE ORIGEM