A CAMISA E O AMBIENTE
De repente, não mais que de
repente (como diria Vinícius de Moraes), me surpreendo criticando a moça que
desfila na calçada do bar do Jhony’s com roupa curtíssima mostrando pernas
grossas cheias de estrias ou celulite. E outras, muitas outras, com o corpo
inteiro cheio de tatuagens. É comum no restaurante paulistano, incrustrado no
centro de São Paulo, numa área cheia de pensões de nordestinos. Fui
imediatamente reprimido.
Que tem você com isso? – perguntaram
meus companheiros de mesa, em tom de reprimenda.
De fato, não tenho nada com isso.
Deve ser resquícios de minha juventude em Caruaru, onde chamavam de gay até
quem ousasse servir-se de verduras numa churrascaria. O certo era comer carne,
muita carne.
A verdade é que a rua Canuto do
Val, nesse trecho que vai até o cruzamento com a rua Martim Francisco (onde o
estacionamento é no leito da rua, não junto à calçada), é ponto de encontro das
mais curiosas figuras, a maioria tatuadas dos pés à cabeça.
A curiosidade começa pela
existência de um mesmo bar em três esquinas. Dizem que é tudo de um mesmo dono
- um cearense que explora, no bom sentido, o gosto dos nordestinos pelas
comidas típicas da terra. Além disso, ele tem mais um Jhony’s na rua Jaguaribe,
perto da Santa Casa. Nesses lugares o nordestino, outrora conhecido por sua
suposta virilidade, convive democraticamente com todos os LGTB+.
Que os caruaruenses não saibam:
eu mesmo me surpreendi vestindo algo “suspeito” (foto). Ganhei de presente
quando me molhei na chuva e não entendi, não me comprometam.
A camisa é apropriada ao
ambiente. Oxente!
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