NOVAS EMOÇÕES
Vinícius com certeza nunca esteve no Pão de Açúcar da Cerro
Corá. É o que concluo toda vez que tomo um cafezinho praticamente à porta de
uma academia que fica no piso superior, frequentada por moradores do Alto da
Lapa e Alto de Pinheiros. Pelos bairros e pelos carros já se nota o “nível” dos
frequentadores. Isso não significa necessariamente que todos sejam cultos, mas
pelo menos são bem vestidos.
As meninas vão dirigindo seus próprios veículos e chegam
preparadas para mover braços e pernas à vontade. Após os exercícios, tomam água
ou café no balcão e às vezes deixam cair algo, quem sabe para aguçar a
curiosidade dos velhinhos que ali estão boquiabertos, ou melhor, olhos atentos.
Elas querem exibir decalques nas coxas, nos braços, no pescoço e sei lá onde.
Cara de pau, entro na fila para comprar um cafezinho e uma
delas se desmancha em gentilezas, oferecendo ajuda. Me segura pelo braço, enquanto
procuro o cartão de crédito. Se ameaço cair, ela me segura carinhosamente,
quase me abraça. O sorriso compensa o dia sem maiores emoções. Lembro a
felicidade com que entrava nos ônibus lotados para trabalhar no centro da
cidade. Impossível evitar o corpo a corpo, umas até gostavam.
Nesse campo, sou do tempo em que o máximo que se via era
joelhos, na sala de classe ou na educação física do ginásio. Chega o momento em
que se vê de tudo na televisão ou no celular, mas nada emociona como a foto dos
pássaros de Luís Novaes. Deus me perdoe. Essas novas emoções vão acabar de
matando...
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