TIMIDEZ AO QUADRADO
Nem era jornalista ainda - era bancário - quando editava o jornalzinho da categoria, cujo presidente era Antônio Fausto do Nascimento. Ao comentar uma peça que um grupo de amadores apresentou no sindicato desanquei a atriz principal, sugerindo que ela desistisse da carreira por que de atriz ela não tinha nada. Meu Deus! Até hoje me arrependo disso. A moça chorou vários dias. Pelo que me contavam, poderia tentar suicídio tal o desencanto de que se apoderou. Passei então a valorizar mais cada palavra. Se era tímido, tornei-me super tímido. Ao emitir opinião sobre alguma coisa repensava cada expressão, à moda de Osman Lins, que me confidenciou demorar um dia inteiro para produzir vinte linhas de um romance. Uma lembrança desse modo de agir ocorreu durante almoço na casa de velho amigo, quando ainda morava no Recife. À mesa, com esposa e três lindas filhas que eu amava mas não tinha coragem de confessar, o anfitrião sapecou: -- Você tem algo a haver com Jesus? E eu, naturalment