LIVRO 7, MEU RELICÁRIO
LIVRO
7, MEU RELICÁRIO
O
excelente livro de Homero Fonseca sobre Tarcísio Pereira nos trás memoráveis
lembranças. Algumas agradáveis, outras nem tanto.
Como
se sabe, a Livro 7 foi a mais famosa livraria do Recife, movimentando os meios
intelectuais do Nordeste durante muitos anos. Seu endereço era rua 7 de Abril,
mas tinha uma saída lateral para a praça Adolfo Cirne, onde se localiza a imponente
Faculdade de Direito. Era uma espécie de beco, que se transfomou para num bar.
Tarcísio
Pereira, conforme explica o livro, sem nunca ter escrito um livro ou priduzido
qualquer obra de arte transformou a livraria num monumento à cultura
brasileira, através da promoção de tardes ou noites de autógrafos.
De
Gilberto Freyre a Fernando Moraes, grandes escritores deram autógrafos na Livro
7, entre outros Paulo Cavalcanti, Osman
Lins, Raymundo Carrero, Gastão de Holanda, Marcelo Mário de Melo, etc. etc.
Mesmo
morando em São Paulo desde 1964, pelo menos uma vez por ano eu desfrutava
desses agradáveis momentos. De manhã, praia; de tarde, Livro 7. Recorria ao
próprio Tarcísio para me enturmar com frequentadores como Antônio Falcão (irmão
de Aluízio Falcão que um dia foi meu anfitrião em Paris), Gastão de Holanda,
Gilvan Lemos, e muitos outros.
A
pior recordação que a livraria me trás é o dia em que na praça ao lado, em
frente à Faculdade de Direito, dois policiais me conduziram ao DOPS, onde
dormiria no chão por 30 dias, em junho de 1964. Queriam que explicasse minha
simpatia por Miguel Arraes de Alencar e o que teria ido fazer em Cuba em 1963,
a convite do deputado Francisco Julião. Não seria turismo, diziam. Expliquei
que se tratava de jornalismo. Curiosidade de jornalista. Me soltaram com a
ordem de não sair do Recife, mas no dia seguinte fui a Caruaru e de lá segui
como pau-de-arara para São Paulo, onde moro até hoje.
Anos
depois, a Livro 7 viraria meu relicário.
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