ANDARILHO EM QUATRO RODAS
Aos domingos, cinquenta anos atrás, abria a janela do quarto
e dizia eufórico: milagre, tem sol! Pegava a mulher e os dois filhos e corria
para um dos parques da cidade de São Paulo ou das cidades próximas. Tenho um
baú de fotos das crianças brincando nesses lugares, muitas vezes sem sol algum.
Nos anos 70 do Século passado era mais comum o tempo nublado, comumente chamado
de garoa.
Não sei de onde vem essa mania de sair de casa a qualquer
custo, com chuva, garoa ou sol, acho que desde quando comecei a andar, no
segundo ano de vida (ou seria ainda no primeiro?). Tenho a vaga lembrança de
que vizinhos ou conhecidos me devolviam a meus avós maternos em Chã Grande (PE)
toda vez que eu fugia de casa e caminhava sem rumo.
Viria daí a mania? A diferença é que hoje saio dirigindo.
Levo ou busco netos na escola sempre que necessário e não dispenso ida à banca
de jornais ou padaria mais próxima, embora seja assinante de um jornal e
procure manter a geladeira relativamente abastecida. Andar por aí sempre foi
uma necessidade. Uso às vezes os programas de direção tipo Wase mas gosto de me
perder e conhecer novas paisagens, mesmo sabendo que tais caminhos oferecem
riscos.
Em casa, a alternativa é olhar o modesto jardim e as
vizinhas jardineiras (foto)
SP 15/12/2023
Comentários
Postar um comentário