QUESTÕES DE ORIGEM
Na menor e mais remota cidade do país sempre ouvimos desde
criança: “cresce e vai pra São Paulo”. De tanto ouvir essa frase, um dia fui. Não
exatamente pelas circunstâncias comuns e normais, mas fui. E como se diz
vulgarmente, fui e venci, pois consegui emprego e na primeira oportunidade voltei
pela Rio-Bahia, de carro próprio, para buscar a antiga namorada. Naquela época,
voltar de São Paulo com algum dinheiro e ainda por cima dirigindo o próprio
carro era o máximo.
Mais de 50 anos depois, já aposentado, mantenho o mesmo aparelho
telefônico, com o mesmo número. Serve para receber telefonemas de amigos e de
associações de câncer e congêneres. Alguns lembram fatos interessantes, dos
tempos de ginásio.
Não sei exatamente porque, nenhuma ex namorada me ligou, o
que me leva a supor que não convenci como conquistador. Egoísta, colocava
sonhos literários como principal preocupação.
Tudo piorou (ou melhorou?) com o advento das redes sociais
eletrônicas. Não bastassem as desgraças do dia-a-dia, como o barulho inevitável
de helicópteros e os cachorros que latem o dia inteiro, as redes sociais nos enchem
de variadas atrações.
Feliz ou infelizmente não descobri ainda raízes judaicas. No
máximo achei nos arquivos franceses a explicação de que o sobrenome Tiné se
origina no Norte da França, onde os homens costumavam distribuir água em
tonéis. Quando eram avistados, diziam, lá vem “seu” Toné, ou os Tonéis. Daí a
virarem Tiné, só um passo. A lista telefônica de Paris está cheia de Tiné.
No Nordeste, os Tiné surgiram inicialmente na Serra Velha,
município de Caruaru. Hoje, estão distribuídos por todo o país. Haja Tiné!
São Paulo, 01/11/2023.
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