PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES (OU MELHOR, DE PELÉ)

  

Só vi Pelé pela televisão. Em compensação, algum dia apertei a mão ou abracei figuras mais ou menos importantes ou famosas como Fidel Castro, D. Helder Câmara, Caio Prado Júnior, Miguel Arraes de Alencar, Roberto Carlos, entre muitos outros. Houve tempos em que almoçava com Antônio Marcos e Vanusa, jantava com Eduardo Araújo e Silvinha e bebericava com Chico Buarque. Nenhum é mais importante que Pelé, é verdade, mas dá pro gasto.

Quando Silvio Santos pediu para entregar o Troféu Imprensa de melhor cantor do ano a Altemar Dutra, em 1965 ou por aí, e pediu pra falar alguma coisa, caí na besteira de dizer que a láurea era importante, mas seria apenas mais uma na sala de troféus da casa do cantor. Ele tomou-me o microfone das mãos. Mesmo assim, no ano seguinte entregaria o troféu a Ivan Lins, que cantava “Madalena”.

Nunca esqueci a doçura de Nara Leão. Quando ela vinha a São Paulo para participar do programa “O Fino da Bossa”, na TV Record, pedia que fosse buscá-la no aeroporto de Congonhas e levá-la ao hotel. No trajeto a entrevistava. Era uma forma de ganhar tempo. Quem ganhava era eu, desfrutando de sua adorável companhia. Ao fim do trajeto me despedia à moda carioca, dois beijinhos na face.  

Quando menino, tomava a bênção de frei Damião toda vez que ele ia a Gravatá (PE). Lembro de suas longas pregações condenando as pessoas que viviam juntas sem serem casadas. Promovia casamentos coletivos e baixava a lenha nos amancebados. Não percebia, ou fingia não perceber, que o maior comerciante da cidade, que mais ajudava a igreja, era amancebado.

Desde pequeno tinha especial atração por pessoas importantes, a começar pelo vigário. Como acólito do cônego José Elias de Almeida tinha acesso às autoridades da cidade, do prefeito ao delegado; do maestro da banda de música ao coletor estadual; do diretor da casa de saúde ao dono do único cinema da cidade. Além disso, ou por conta disso, lia os jornais da Capital. Daí a virar jornalista, questão de tempo.

Há uma semana vemos e ouvimos tão somente notícias sobre Pelé. Entrevistas, jogos e dribles incríveis. A posse de Lula, por sua vez, enriqueceu ainda mais a sucessão de imagens.

Deu até para sonhar com a política do toma lá dá cá, reinaugurada para o bem de todos e felicidade geral da Nação.

As manifestações pela morte de Pelé emocionaram tanto quanto a volta de Lula ao poder. Dois mitos saudaram o Ano Novo!


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