MUDA COMUNICAÇÃO NA ÁREA MÉDICA
Diferentemente dos demais noticiosos
da televisão, o Jornal da Cultura conta com dois comentaristas que se revezam opinando
sobre os assuntos em pauta. Antes de responder às perguntas da linda
apresentadora Ana Paula Couto, o médico Arnaldo Lichtenstein pede licença para
prestar um esclarecimento.
-- Minhas opiniões – diz ele - são em caráter pessoal, não
institucional.
Refere-se ao
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, do
qual é um dos médicos.
Toda vez que seu
nome aparece no vídeo há um reboliço interno. Daí, suponho, a preocupação do Dr.
Arnaldo em deixar claro que está ali como pessoa física, convidado a dar sua
opinião sobre os assuntos do dia. Imagino que ele deve ter sido advertido por
alguma autoridade, que por sua vez não agiu por conta própria, ou seja, alguém
buzinou nos seus ouvidos que o tal médico anda aparecendo muito, que não cabe a
ele falar em nome da instituição, muito menos sem autorização.
Já com o
patologista Paulo Saldiva, outro médico e comentarista do jornal, não acontece
o mesmo, porque ele é um dos 55 professores da Faculdade. Com professor não se
mexe.
Tudo isso me
faz lembrar os tempos em que o Dr. Tancredo Neves esteve internado no Instituto
do Coração. O caso está minuciosamente esclarecido no livro “O Paciente”, de
Luís Mir. O nome dos médicos envolvidos com o tratamento surgia como
verdadeiros heróis da Medicina, tentando salvar o querido presidente eleito. Às
vezes título dos médicos era mais relevante que o do paciente. Nomes como professor
doutor Henrique Walter Pinotti quebravam o suspense em torno da divulgação dos
boletins, ditados a Antônio Brito e distribuídos por mim aos jornalistas.
Ao fim do
trágico episódio, a assessoria de imprensa do HC tinha mais de mil
profissionais catalogados para usar telefones e teletipos instalados no
auditório do Centro de Convenções Rebouças.
Antes do
episódio Tancredo Neves, o HC só era procurado pelos jornalistas quando algum
acidentado ia para seu pronto socorro. Era dificílimo conseguir informações
sobre o estado de saúde do paciente. No máximo informavam que o acidentado estava
fazendo exames, e pronto. Muitas vezes fui expulso da sala de emergência ao
tentar obter informações. E os médicos tinham toda razão. Não era possível
deixar um leigo acompanhar os procedimentos.
Atualmente, o
hospital ocupa o noticiário com frequência. Quando o governador aparece para
dar entrevistas diárias sobre o coronavírus o HC está presente. Há justas homenagens
na televisão aos profissionais que arriscam a vida. Os tempos mudaram na Comunicação
da área da Medicina. Ainda bem.
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