NOVOS TEMPOS
Houve um tempo em que aposentados jogavam dominó ou
gamão nas praças ou nos botecos enquanto a mulher preparava o almoço. Se ainda
existe isso, só nas remotas cidades do Interior. Aqui pelas bandas onde moro,
na Lapa paulistana, os idosos estão ligadíssimos no computador ou no telefone
celular de última geração, vendo e palpitando sobre os mais variados assuntos.
O assunto de hoje é a tresloucada atitude do senaSobral,
Ceará. A imprensa inteira dá a notícia desde ontem e repete como um fato, sem
citar que se trata de tentativa de homicídio. O único jornalista a lembrar esse
aspecto foi Fernando Portela, em comentário nas redes sociais, perguntando
porque apenas noticiam o fato, sem ouvir ninguém, como seria de praxe.
Funcionário público não pode fazer greve, muito menos
se ele é policial, cujo dever é proteger a sociedade. Senador não pode cometer
homicídio, sequer tentar. É crime em lei, tipificado. Até quem fez um curso de
Direito mambembe à noite, pra fugir das novelas, como eu, sabe disso.
Nesse ponto, aliás, os aposentados estão afinados.
Também, pudera! Todos ouvem os comentários das emissoras de rádio desde a
madrugada e aceitam como cordeirinhos os argumentos dos locutores-comentaristas.
É facílimo reconhecer tal influência quando alguém
abre a boca. Muitos comentaristas são sensatos, serenos, como José Paulo de
Andrade, da Rádio Bandeirantes, outros são impecáveis de dar raiva, como Taís
Freitas, que sabe absolutamente tudo sobre Economia. Nunca erra um dado sequer.
Se alguém imitá-los, tudo bem.
Mas uma coisa é ouvir os próprios autores, outra bem
diferente é ouvir a versão dos que tentam reproduzi-los com suas próprias
palavras. Sai uma reprodução nem sempre convincente. O original é sempre
preferível.
Sem habilidade para jogos de mesa e sem querer
macaquear ninguém, gostaria de falar e escrever como Patrícia Campos Mello, que
reabilitou o furo de reportagem, superado pela modernidade dos meios de
comunicação. Instituição fora de moda, o furo de reportagem foi relembrado de
forma indigna, com o propósito de denegrir a imagem de uma linda jornalista. Resta-nos
a esperança de que em breve ele seja utilizado por algum jornalista para dar a
notícia que todos desejam.
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