ODE A GRETA THUNBERG



Já pensava em pendurar as chuteiras, eis que aparece Greta Thunberg. Não é exatamente a salvação da lavoura, mas serve no mínimo para reanimar. Traz consigo a aura de que precisávamos depois de tanta decepção política.
Não estamos em condições de exigir pureza absoluta, nem encorajamos luta inglória pelas igualdades, mas não faz mal ter esperança - Deus salve Greta Thunberg!
Algum dia quis ir além de minhas botas, mas esqueci que sequer tinha coturnos para pisar em terrenos áridos. Surge Greta Thunberg com sua beleza interior e beleza juvenil.
Lembrei de minha juventude ora aos pés da santa cruz, ora sob os ficus benjamin da avenida Joaquim Didier em minha pequenina Gravatá. Nem suspeitava o que é meio ambiente, sabia apenas que a avenida era paralela à linha do trem da Great Western, onde me esforçava para sentir o barulho típico de sua aproximação, qual Roberto Carlos em Cachoeiro do Itapemirim. Abstraído, Roberto perdeu o pé, como se sabe. Eu, nem isso. Naquela época, nenhuma Greta Thunberg protestava contra o avanço da estrada de ferro sertão a dentro. Só o Tenente Cleto Campelo a utilizava para alcançar a Coluna Prestes, sem sucesso. Como se sabe, ele tombou tentando arranjar adeptos na rua que hoje leva seu nome.
Não havia Che, ainda, pelo menos nas proporções que tomou. Mas Manoel Messias da Silva, em Abril de 1964, tentou arrancar os trilhos do centro de Caruaru com as próprias mãos. Até hoje paga por seu irracional idealismo. Por outro lado, e de certa forma, também paguei alto preço por ter sido sócio e frequentado uma tal Associação Cultural Brasil-União Soviética, do Recife.
Já se lutava contra a destruição do meio-ambiente, embora não houvesse nenhuma Greta Thumberg. Assim, se hoje ela é símbolo, houve precursores. O que não nos impede de repetir seu nome à exaustão. Salve!


Flávio Tiné
São Paulo, 11 de dezembro de 2019
(flavio.tine@gmail.com)

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