SOU APENAS UM ESTETA
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Gostaria de
andar na praia como antigamente e de vez em quando mergulhar como antigamente,
quando as águas não eram tão frias.
Gostaria de
ouvir rádio à moda antiga, em que horóscopos e pequenos conselhos dominavam o
dial, seja lá o que for dial.
Gostaria de ouvir a voz de Paulo Molin cantando Olinda, bela situação para uma cidade. E Severino Araújo tocando seu clarinete ao vivo, enquanto eu quase chorava.
Gostaria de casar com a menina em cuja cerimônia de casamento comi o bolo que o estômago amassou e devolveu, horas depois. Felizmente só quem viu foi meu travesseiro, ninguém mais.
Gostaria de saber que fim levou aquela que me fez revirar os olhos a noite inteira às margens do Capibaribe, onde adormeci com minhas indignidades.
Gostaria de saber porque suporto calado essa falta de amor e de carinho, essa falta de pudor, esse silêncio em torno de uma dor que não é física, não é normal, não condiz com a medicina, não ultrapassa as paredes, nenhum vizinho escuta.
Acho que estou a milímetros de pedir socorro, mas não precisa. Uso o antigo remédio chamado tempo, que tudo alivia, senhor dos céus e dos mares. Olho para todos os lados, ando em todas as direções, vou e volto - já estou pronto para o que der e vier.
Gostaria de ouvir a voz de Paulo Molin cantando Olinda, bela situação para uma cidade. E Severino Araújo tocando seu clarinete ao vivo, enquanto eu quase chorava.
Gostaria de casar com a menina em cuja cerimônia de casamento comi o bolo que o estômago amassou e devolveu, horas depois. Felizmente só quem viu foi meu travesseiro, ninguém mais.
Gostaria de saber que fim levou aquela que me fez revirar os olhos a noite inteira às margens do Capibaribe, onde adormeci com minhas indignidades.
Gostaria de saber porque suporto calado essa falta de amor e de carinho, essa falta de pudor, esse silêncio em torno de uma dor que não é física, não é normal, não condiz com a medicina, não ultrapassa as paredes, nenhum vizinho escuta.
Acho que estou a milímetros de pedir socorro, mas não precisa. Uso o antigo remédio chamado tempo, que tudo alivia, senhor dos céus e dos mares. Olho para todos os lados, ando em todas as direções, vou e volto - já estou pronto para o que der e vier.
Já que a
desgraça está feita só nos resta não dá ouvidos aos clamores do capitão, não
pedir a liberdade de condenados, torcer para que não roubem mais nosso santo
dinheirinho e para que a maioria dos nossos representantes assegurem a
democracia. É verdade que esse pessoal que anda por cima da carne seca não
entende bem do assunto, mas esperemos que nossos representantes saibam coibir
os desmandos, impedir o nepotismo e dar um rumo diferente
às leis que nos ameaçam.
Antes
de mandar todo mundo para aquele lugar e sujar minhas
páginas com impropérios, prefiro exteriorizar meu descontentamento de outra
forma. Aceito até cumprimentar as damas que passeiam com seus cachorrinhos na
praça Buenos Aires e no Shopping Higienópolis, cenas
dignas
de uma obra de arte, só falta algum Picasso por perto. Lamento ser apenas
um esteta.
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