VIVA A DIVERSIDADE, VÍRGULA
Mais uma vez uma multidão
ocupou o espaço dos automóveis do largo do Paraíso à rua da Consolação neste
domingo de parada gay. A Avenida Paulista estava mais colorida do que nunca, oferecendo
um espetáculo visual impressionante. Mas, cuidado! Andar por ela aos domingos é
perigoso, mesmo que os carros estejam proibidos de circular. Além do risco de
ser roubado, esbarra-se em cada figura que não se vê nem na feira de Caruaru,
onde tem de tudo pra se ver, segundo Onildo Almeida, autor de velho sucesso de
Luís Gonzaga.
Quem é obrigado a passar
perto mas não gosta disso, como o pianista Giuseppe Mastroianni, que aos
domingos toca no restaurante Santo Colomba, na Alameda Lorena, desce na estação
Oscar Freire e caminha oito quarteirões a pé, esgueirando-se das “meninas” para
chegar ao trabalho.
O maestro regeu
orquestras na TV Jornal do Comércio, no Programa Sílvio Santos (quando ainda na
TV Globo), no SBT, na Rede Tupi e na TV Bandeirantes, da qual foi um dos
fundadores. Deveria estar acostumado com todo tipo de gente, mas foge da
diversidade como o diabo da cruz. Aos 84 anos, prefere a tranquilidade de um
segundo casamento nos moldes da “cultura” caruaruense e distrai os comensais
com conhecidos chavões dos hits nacionais e estrangeiros. Nisso, não tem preconceito. Toca de tudo, com o
mesmo vigor da juventude.
Não há nesses comentários
nenhuma condenação ou censura a quem deseja explicitar seus intentos. Mesmo que
tenha “herdado” de minha mãe alguns deslizes como afirmar que isso ou aquilo “é
coisa de preto”, em referência a alguma coisa errada, isso não autoriza
concluir que sou um retardado, como pode supor algum leitor ao me surpreender
pronunciando assertivas de cunho machista. Juro que isso não passa de influências
de quem foi criado ouvindo tudo isso. Há muito abandonei todo tipo de preconceito; na verdade, desde os tempos em que não era crime assediar a mulher do próximo.
Assim, antes que façam infundadas
suposições, afirmo que está longe de mim qualquer sentimento bossonariano. Prefiro
as pessoas que se expressam livremente, dizem o que pensam, fazem o que querem
e deixam que os outros se manifestem à vontade. Não desaconselho ninguém que
queira ir à avenida nessas ocasiões, mas não tiro selfie nessa paisagem multicolorida. Viva a diversidade, vírgula.
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