SUBSÍDIOS PARA TINHORÃO
Toda
sexta-feira, José Ramos Tinhorão vai ao apartamento de Assis Ângelo, em São
Paulo, simplesmente para papear. Durante umas duas ou três horas os dois passam
a limpo as notícias da semana, ao mesmo tempo em que saboreiam algum vinho ou
caipirinha. Sabedor desses encontros destituídos de qualquer tipo de interesse,
intrometo-me às vezes entre eles, não para apenas participar das conversas, mas
sobretudo para oferecer meus préstimos, embora eu mesmo esteja precisando de
ajuda, às voltas com as dificuldades inerentes à velhice.
Por
ordem de idade, Tinhorão é o mais velho, 90, devidamente comemorados no dia 10 de
fevereiro, com a presença de nós três, naturalmente. Se o assunto é mobilidade
física e intelectual, no entanto, o velho articulista de música popular bate em
todo mundo.
Depois
de escrever dezenas de livros e vender seu acervo de milhares de livros e
discos à Fundação Moreira Sales, Tinhorão se volta à pesquisa para inventariar
a literatura pornô, advertindo que em nenhum momento se refere às imoralidades
reveladas por operações do gênero Lava Jato.
Trata-se
de obscenidades sexuais, aquelas que as famílias repudiam e a censura tenta dificultar
a divulgação, enquanto o mundo inteiro estimula e pratica veladamente.
Histórias como as de Adhemar de Barros, reveladas por Adelaide Carraro, e as de
Bill Clinton, que viraram livro nos Estados Unidos, são apenas aperitivo. Ele
não conta com nenhum apoio para isso. Em compensação, não tem nenhum freio,
nenhuma limitação a seu trabalho, que poderia ser imposto por eventual patrocinador.
Sem
querer, Tinhorão dispõe de farto material sobre outro tipo de imoralidade, a Cracolândia
paulistana. Reside pertinho, no bairro dos Campos Elísios, onde milhares de
pessoas consomem drogas e praticam sexo a céu aberto, despertando sua
curiosidade mórbida.
Isso
lembra história contada pelo ator Dans Stulbach sobre o que teria motivado o
estranho comportamento de sua avó de mais de anos, que se recolhia
imediatamente a seu quarto, após as refeições, alegando necessidade de dormir.
Após sua morte, a família encontrou dezenas de filmes pornô nos seus aposentos.
Será que essa historinha vale como subsídio?
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