ASSESSOR OU ASSISTENTE SOCIAL?

Quando Carlos Nascimento e eu fizemos um Globo
Repórter com essa premissa, o programa não foi ao ar. Até hoje não descobri porquê. Ou as imagens
ficaram fortes demais ou não conseguiram nenhum retorno financeiro que
justificasse sua exibição. Só depois de muitos anos, quando descobriram que a
divulgação dos grandes feitos médicos dava um bom retorno, sobretudo em termos
de imagem, é que alguns médicos começaram a dar entrevistas.
O caso Tancredo Neves no Incor foi o primeiro passo
nesse sentido. O Incor era Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Não podia escrever
Incor/USP.
Logo me tornei conhecido nacionalmente, juntamente com
Antônio Brito, entre os 1.200 jornalistas inscritos para acompanhar a tragédia
no Incor. Brito era ouvido sobre Tancredo, eu era acionado para atendimento aos
jornalistas que necessitavam de alguma coisa, qualquer coisa, desde água e café
até atendimento médico, quando sentiam algum incômodo, de dor de barriga a dor
de cabeça.
A partir do caso Tancredo começou minha saga. Nunca
mais dormi uma noite inteira. Os pedidos de informação sobre pacientes
internados no HC surgiam a qualquer momento, bem como pedidos de ajuda a
jornalistas ou seus familiares. Supunha que tal atendimento facilitava a
divulgação do hospital, à medida que os beneficiados ficariam gratos. Nunca
pude mensurar isso. Sei apenas que esse tipo de atividade paralela, que também
ocorria dia e noite, em geral era bem-sucedida. Afinal, que médico se recusaria
a atender um pedido da Globo, por exemplo, sabendo que amanhã poderia estar nos
seus noticiários? Talvez, eu tenha sido mais eficiente como assistente social
dos jornalistas, atendendo-lhes os pleitos particulares, do que como assessor
de imprensa.
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