REFLETINDO SOBRE IDADE
Qualquer pessoa faz isso
todos os dias: esquece senha bancária, cartão no caixa eletrônico, chave na
porta de casa - gestos sem maiores consequências, praticamente normais. Preocupante
é quando essas atitudes viram rotina, indicando possibilidade de doença. A
melhor coisa a fazer, então, é procurar ajuda médica, sem preocupar-se com a
chance de ser considerado lelé da cuca.
Encontrei no consultório
de um psiquiatra alguém que viaja uma vez por mês para consultar-se em São
Paulo. Ela me contou que não vai a psiquiatra no Recife para não ser taxada de
maluca. Como se Recife fosse uma província, onde a vida privada é motivo de
deboche.
No caso do idoso há essa
preocupação. Quando esses incidentes aumentam de frequência a família deve redobrar
os cuidados, contratando cuidadores que se revezam ou internando o parente em
casa especializada.
O difícil é saber o que
dá mais despesa, se a internação ou a contratação de cuidadores. O maior
problema é que essas instituições cobram caro. No Estado de São Paulo confiar um
idoso a uma delas não sai por menos de R$ 5 mil por mês e em alguns casos
passam de R$ 10 mil. Só famílias de alta renda podem oferecer a seus velhinhos
a tais comodidades. Contratar cuidadores tem o inconveniente da invasão nas
intimidades da família. O cuidador ajuda o idoso em tudo: dá banho, veste, até
acessa conta bancária quando necessário. Mas a família dá adeus à privacidade.
Outra ocorrência que se
tornou comum, a propósito do assunto, é a exploração de algumas instituições de
caridade que, sob pretexto de cuidar das pessoas, retêm carteiras ou outros
documentos para receber ou confiscar benefícios. Isso é comum nas camadas mais
pobres, em geral mal informadas a respeito de seus direitos. As autoridades só
tomam providências quando acionadas, daí o aumento de ocorrências policiais desse
tipo. É preciso denunciá-las e exigir providências.
Infelizmente nem todo
mundo vive atento a esses pormenores. Felizmente é cada vez maior o número de
sites, blogs e instituições que se preocupam com este assunto, como a
jornalista Lina Menezes, que há algum tempo faz um programa na televisão a
respeito. Obrigado, Lina Menezes.
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