VIDA QUE SEGUE
Não sei se feliz ou se
infelizmente, o Facebook tornou-se meu veículo predileto de comunicação. Todos
os dias insiro aqui minhas abobrinhas na esperança de que alguém tome
conhecimento de atividades nem sempre rrelevantes que tento transformar em
memórias.
Alguém certamente pensará
que é muita pretensão de minha parte registrar aspectos da vida de quem não é
artista, não plantou sequer uma roseira e apenas publicou algumas crônicas, que
comentam informalmente a sorte ou tempos passados.
Na verdade, não resisto à
tentação de me meter aonde não sou chamado, mesmo porque dediquei a vida
inteira ao jornalismo, que me atraiu desde os tempos em que pacato cidadão de
minha cidade me acordava todas manhãs com gritos para vender jornal. “Comércio
e Diário”, gritava o jornaleiro Zé do Gelo pelas ruas de Gravatá (PE),
referindo-se ao Jornal do Commercio”, do saudoso Pessoa de Queiroz, e Diário de
Pernambuco, o mais antigo em circulação na América Latina. Dizia-se, na época –
década de 50 do Século passado - que o Diário era mais conservador, enquanto o
JC era mais dinâmico e esclarecido, com diagramação moderna. É assim até hoje.
Para um menino sem muita
cultura, em um tempo ainda sem televisão, o mundo estava naqueles dois jornais.
Meus ídolos ou heróis eram os mestres do ginásio, médicos ou advogados
transformados em professores de Inglês, Francês ou Matemática. Nenhum deles era
qualificado como professor, mas tinha nível universitário e isso era o
suficiente. Até o vigário da cidade ocupava indevidamente o quadro de mestres,
ensinando Latim.
Daí para as cidades
grandes – Caruaru, Recife e São Paulo – foi um passo maior que a perna e uma
trajetória de muita luta, em que cheguei a ter quatro empregos ao mesmo tempo para
assegurar o pão de cada dia. Jornalista era um privilegiado; trabalhava só
cinco horas por dia, não tinha ponto e tinha 50% de desconto em passagem de
avião.
Haja saúde, que hoje mal
dá para estes registros sem muita valia em tempos de tantos apelos visuais. Copio
de Ricardo Kotscho, que copiou de alguém: vida que segue.
Comentários
Postar um comentário