PARA TE VER MELHOR
Não tenho nada a receber na Caixa. Não ganhei
em nenhuma modalidade de loteria. Não vi os desfiles da São Paulo Fashion Week
nem o Lollapaloosa, tampouco o Galo da Madrugada, embora digam que neste ano o
tal galo decepcionou. E aguentei até o fim a presença de Ivete Sangalo, apesar das
advertências de Fernando Portela, indignado com a superexposição dela no
Carnaval.
Um consolo: as micro-saias do verão. Em São Paulo, uma garota de Ipanema em cada esquina. Na Avenida Paulista, uma a cada dois metros quadrados. Fico sabendo pelas entrevistas que nem todas são paulistanas: há gaúchas de Porto Alegre, paranaenses de Londrina, pernambucanas de Caruaru e até cearenses de Quixadá. Uma riqueza. As feministas que me perdoem, mas nenhum país do mundo ostenta tanta beleza. Até no modesto Mercado Municipal da Lapa há o que se ver.
Um consolo: as micro-saias do verão. Em São Paulo, uma garota de Ipanema em cada esquina. Na Avenida Paulista, uma a cada dois metros quadrados. Fico sabendo pelas entrevistas que nem todas são paulistanas: há gaúchas de Porto Alegre, paranaenses de Londrina, pernambucanas de Caruaru e até cearenses de Quixadá. Uma riqueza. As feministas que me perdoem, mas nenhum país do mundo ostenta tanta beleza. Até no modesto Mercado Municipal da Lapa há o que se ver.
Confesso-me interessado em sobreviver a essa
avalanche de denúncias contra qualquer cidadão. Por enquanto, meu nome está limpo,
apesar de ter sido servidor público. O meu e o de Paulo Maluf. Já trabalhei
para na Prefeitura Municipal do Recife (até 1964) e numa Autarquia do glorioso
Estado de São Paulo (até 2004), quando me aposentei e depois fui demitido por
justa causa. Mas meus direitos trabalhistas estão bloqueados num tal de Precatório
(até hoje). De nada adiantou alegar hipertensão arterial sistêmica, diabete,
artrose lombar e cervical, na tentativa de obter prioridade. O governador
precisa de meus parcos recursos para pagar obras eleitoreiras.
A última investida contra minha insistência em
aparentar normalidade, aos oitenta anos, foi dos órgãos de trânsito. Ameaçam
tomar minha carteira de motorista só porque dirijo a mais de 50 quilômetros por
hora, um pouquinho a mais, numa larga avenida paulistana. Ocorre-me, então, um
raciocínio politicamente incorreto: se há 40 anos me pediram documentos apenas uma
vez, vão me pedir a carteira nos poucos anos que me restam?
O leitor deve estar percebendo certo pessimismo
nesse desabafo. Deve pensar que estou indo ao psiquiatra, que estou tomando
todas, que estou caindo pelas calçadas, chamando Jesus de Genésio, ou que a
qualquer momento vou me jogar de uma das pontes do rio Tietê, aqui pertinho de
onde moro. Nem pra isso tenho coragem. Quero mais é ver cada vez melhor. Para
tanto, já agendei cirurgia de catarata.
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