GERALDO PEDROSA JOGA VIDA E OBRA DE VANDRÉ NO LIXO
Mais uma vez manda-se ao lixo
o nome e a obra de Geraldo Vandré. Na esteira da liberação de biografias pela
Justiça, acaba de sair pela Patmos Editora, de João Pessoa (PB), “Não me chamem
Vandré”, do escritor e jornalista Gilvan Brito. É mais uma biografia, a
terceira lançada em 2015. Antes disso, houve
o lançamento de “Vandré, o homem que disse não”, do jornalista mineiro Jorge
Fernando dos Santos, pela Geração Editorial, e “Geraldo Vandré - Uma Canção
Interrompida”, de Vitor Nuzzi, pela Scortezzi.
Nenhum deles satisfaz plenamente a curiosidade em torno da exagerada
mania de Vandré esconder-se a qualquer custo, a ponto de negar com todas
forças, enfaticamente, sua vida e sua arte, em toda e qualquer entrevista. A
todos os jornalistas, músicos ou escritores que o procuram na tentativa de
ouvi-lo para uma possível biografia, ele repete que defunto não fala, Geraldo
Vandré morreu, agora só existe Geraldo Pedrosa de Araujo Dias.
Chega a ser estranha a insistência com que Vandré se esquiva dos
jornalistas, dos convites para dar entrevistas e da curiosidade em torno de sua
misteriosa ascensão e vertiginosa queda. Nem seu melhor amigo e conterrâneo,
Francisco de Assis Ângelo, criador do Instituto Memória Brasil – grande acervo
sobre folclore e MPB – conseguiu demovê-lo da ideia de auto conceder-se um
atestado de óbito em vida. “Respeito a decisão dele, a quem admiro muito e de
quem continuo amigo, a ponto de recebê-lo de vez em quando na minha casa”,
contou-me Assis.
Assis Ângelo intermediou vários pedidos de entrevistas e solicitações
para elaborar biografia, mas conhecendo a “cabeça dura “ do amigo, nunca
avançou uma palavra depois da primeira negativa.
Ficou feliz no ano passado quando conseguiu articular encontro entre Vandré
e Joan Baez no Teatro Bradesco em São Paulo. Vandré subiu ao palco, declamou
uma poesia, mas recusou-se a cantar junto “Caminhando”, que o público cantou em
coro com auxílio de Joan Baez. Além de Vandré, Joan Baez recebeu também
Suplicy. Foi no dia 22 de março de 2014.
O livro de Gilvan de Brito reúne completo acervo da obra de Vandré.
Discografia, Mulheres, Iconografia, Bibliografia, bem como explicações
minuciosas sobre sua trajetória e as implicações psicológicas, que classifica
de freudianas. Recorre, inclusive, à clássica explicação de que Vandré teria
sofrido a “Síndrome de Estocolmo” – aquela em que surge uma empatia entre os
opostos.
Nenhum dos três jornalistas-escritores consegue o que poderia ter sido o
grande feito investigativo, ou seja, tornar públicas as verdadeiras intenções
do grande cantor-compositor que iniciou uma brilhante vida artística de viés
esquerdista para tornar-se admirador incondicional das Forças Armadas que
prenderam, torturaram e mataram vários cidadãos, inclusive colegas dele. Recai
injustamente sobre Vandré a mesma suspeita quiçá improcedente que condenou
Wilson Simonal ao ostracismo. Geraldo Pedrosa manda Geraldo Vandré e toda sua
obra ao lixo. Quanto mais se lê sobre Geraldo Vandré, menos se caminha em
direção às suas ideias. A canção encantou as massas mas deixou o autor pirado.
Recife, 3/02/2016.
"prenderam, torturaram e mataram vários cidadãos": cidadãos, NÂO! Terroristas, assassinos, agentes estrangeiros, infiltrados, inimigos da humanidade e potenciais genocidas e assassinos em massa. Eu ainda continuo me espantando e me indignando com a novilíngua e eufemismos dos marxistas.
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