CARA A CARA COM ALCEU VALENÇA


O público que lotou ontem o teatro do SESC Pompéia saiu feliz após mais de duas horas de contato com Alceu Valença. A eclética plateia continha desde compenetrados paulistanos até a juventude de selfies desafiando avisos de é proibido filmar e fotografar. Pudera, o próprio Alceu criou tal clima de intimidade, ao narrar suas origens pernambucanas, expondo-se numa uma intimidade pouco usual em shows do gênero. Na verdade, ele foi fiel à proposta do programa denominado Sala de Estar, em que o artista se propõe a conversar, revelando sua formação. Alceu teve uma infância comum às crianças de pequenas cidades do Agreste: circo, aboios, rádios tocando MPB e sucessos internacionais, e causos, muito causos. De tal forma que, mesmo tendo cumprido sua sina de classe média, formando-se advogado pela gloriosa Faculdade de Direito do Recife, por onde passou até Castro Aves, acabou seguindo mesmo os impulsos de que se nutriu na infância.
Certa vez, ainda menino, viu uma estranha figura numa cadeira de engraxate e perguntou quem era. Mais tarde, interessou-se por sua poesia e também passou a fazer seus próprios versos, e também suas canções, tornando-se poeta, compositor, ator e até cineasta. A figura de chapéu que chamava a atenção declamando versos na Avenida Guararapes era Ascenço Ferreira.
Outros ídolos que chamariam a atenção de Alceu na infância e juventude de São Bento do Una, onde nasceu, foram Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves e Francisco Alves, que ele imita muito bem, cantando Conceição, A Volta do Boêmio e Serra da Boa Esperança. Mas o que faz o público levantar-se é o desfile de seus grandes sucessos, que já propiciaram a venda de milhares de discos no Brasil e no exterior: Belle de Jour, Solidão, Como Dois Animais, Coração Bobo, Tropicana e Anunciação, entre outros. Nessa hora, como já se tornou praxe em apresentações do gênero, o público se aproxima do palco, chega e canta junto, numa espécie de confraternização consagradora.
A honraria desses momentos, que provavelmente se repetirá hoje (24/10/2015) e amanhã deve ser creditada às equipes de produtores e promotores do SESC, que mediante a criação de singelos projetos, como Sala de Estar, conseguem captar público eclético e entusiasmado, a ponto de lotar o auditório assim que os ingressos são colocados à venda.
Na primeira fila, cara a cara com Alceu Valença, pude voltar à infância e me rever nos circos mambembes que percorriam as pequenas cidades, moldando a personalidade dos pequenos matutos. Pude rever minha própria mãe cantarolando sucessos de Orlando Silva, Silvio Caldas e Francisco Alves, enquanto costurava.
Preconceitos à parte, apenas não chegaria ao ridículo de um fã que o interrompia a cada momento para berrar a plenos pulmões: “Alceu, eu te amo”. Eu também, mas nem tanto...





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