HC FAZ 70 ANOS
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
(HCFMUSP) faz 70 anos. Roberto Carlos, 73. Uma coisa não tem relação com a
outra, a não ser pelo fato de ambos fazerem parte, de formas diferentes, de
minha modesta trajetória. Primeiro foi RC, a quem entrevistei algumas vezes
para revistas da Editora Abril. Às vezes almoçava na casa dele no Morumby e
fazia aquelas reportagens água com
açúcar de Contigo e Intervalo. Graças a esse vínculo fui também jurado do Troféu
Imprensa, quando o Programa Silvio Santos era na Praça Marechal Deodoro (TV
Globo).
Quanto ao HC, fui o primeiro assessor de imprensa de 1983 a
2004. Acompanhei de perto o calvário de Tancredo Neves, os primeiros
transplantes de coração e de fígado, a implantação dos primeiros tomógrafos, aparelhos
de ressonância magnética e demais equipamentos de primeira linha, dos quais o
hospital foi pioneiro. Nesses 70 anos, tudo que acontece no mundo em termos de
tecnologia médica o HC tem sido o primeiro a implantar. São tantos os avanços
que poucos jornalistas conseguem acompanhar, muito menos eu. Acredito que só me
mantive no cargo por tanto tempo por causa da humildade com que acatava as
instruções da alta direção, das quais era mero instrumento. Meu papel era
colocar os jornalistas em contato com os especialistas, sem direcionar
interesses ou questionar perguntas e respostas. Talvez não tenha sido a melhor
alternativa, mas ao ver o prestígio do
hospital e o sucesso de suas atividades, no momento em que ele comemora 70
anos, sinto-me à vontade para expressar uma pontinha de orgulho por ter
contribuído para isso de alguma forma.
A maneira como conduzia o atendimento aos jornalistas nunca
foi isenta de críticas. Ao contrário, havia alguns interessados em minha
substituição. No entanto, a alta direção respeitava a estrutura administrativa
da instituição e rendia-se à minha discrição, ou seja, nunca me excedia em
atitudes, gestos ou iniciativas agressivas. Mesmo porque a demanda em torno de
informações não deixava tempo livre para iniciativas novas. Quando era cobrado
por isso, tinha madrugadas em branco e fins-de-semana perdidos como argumento
para desculpas. Além disso, atuava praticamente só, pois ninguém ousava
enfrentar de um lado os jornalistas pedindo o impossível e de outro os médicos
e autoridades administrativas (também médicos) com suas características
próprias. Muitas vezes fui obrigado a permitir filmagens em locais inadequados,
confiando na ética dos editores. Ouvia em silêncio admoestações pertinentes, do
ponto de vista da instituição, mas a repercussão favorável da reportagem me
devolvia o respeito de que precisava. Por essa razão posso ter como consolo a
ideia de que valeu a pena.
Encerrei minha carreira desenvolvendo atividade relevante,
ou seja, divulgando progressos científicos que beneficiam a população. (PS – O HC
foi inaugurado em 19/04/1944).
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