FESTIVAL DE BESTEIRAS

Entrar no Facebook todos os dias e acompanhar as novidades postadas por amigos e desconhecidos geralmente é uma boa maneira de começar o dia. Não é a mesma coisa que ler os jornais , que já fizeram uma seleção natural dos principais acontecimentos do dia anterior e publicam artigos interessantes, dando uma visão abrangente dos fatos em evidência. O maior inconveniente é acompanhar incidentes que são importantes para quem os denuncia, mas não interessam a quem vive distante do problema.
Buraco na calçada, cachorro desaparecido, menino com doença rara, aniversário, batizado e casamento , tudo isso pode interessar às pessoas envolvidas, como parentes e amigos próximos, mas não ao grande público das redes sociais. É verdade que se consegue agitar qualquer reivindicação através dessa nova modalidade de comunicação, mas nem sempre há interesse, especialmente quando essa reivindicação é específica.  Agora mesmo, nesta segunda semana de dezembro de 2013, dois irmãos de 16 e 17 anos estão convocando adolescentes para um encontro no Shopping Center Aricanduva, em São Paulo. Não se pode prever o que irá acontecer com milhares de jovens circulando pelo interior de um centro comercial.  No mínimo, haverá arrastões e saques.
Um dos grandes inconvenientes desse novo hábito é acompanhar um festival de besteiras sem precedentes no rol de ociosidades mais ou menos forçado a que nos submetemos. Já sei, é só desconectar. É só fazer outra coisa. Como se faz com o controle remoto, é só mudar de canal e o problema estará resolvido. Acho que todo mundo já fez isso, para em seguida, horas depois ou no dia seguinte, voltar ao besteirol. Todo dia leio mensagens de pessoas inteligentes, como o escritor Raimundo Carrero, comunicando a decisão de abandonar o hábito de postar algo em torno de suas atividades, decepcionado com o tal besteirol ou com a atitude de determinadas intervenções. Dia seguinte, reaparece com a informação de um encontro maravilhoso, uma viagem inesperada ou um convite.
Somos obrigados a ler e reler manifestações sobre a cara feia da mulher do presidente dos Estados Unidos porque o marido posou ao lado de uma loira, repetição sobre suposto assassinato de Juscelino Kubitscheck, acusações ou insinuações contra tudo e contra todos sem comprovação, etc.

O festival de besteiras que assola as redes sociais não tem precedente. Não se sabe se ficar o dia todo debruçado sobre um computador é melhor do que sentar num banco de praça ou passear numa avenida ou num shopping center, que também é muito divertido. O Facebook é uma praça virtual, com a opção de desfilar por outras praças do mundo e a possibilidade de viajar pela pesquisa sem fim. Você faz e desfaz seu festival de besteiras, como lhe aprouver. Já fiz o meu, escrevendo essas bobagens. 

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