TARDINHA NO SHOPPING

Prometi a mim mesmo que escreveria sobre qualquer coisa todos os dias, pelo menos como forma de exercitar os dedos no teclado do computador. Não sou ainda nenhum Assis Chateubriand, que amarrava as mãos para alcançar as teclados  e escrever seus comentários. Mas se for preciso farei qualquer esforço. Então, aí vão linhas de bobagem, para deleite ou...delete!
Ontem fui a um dos mais curiosos redutos de idosos da Capital paulistana. Eles lotam todos os cafés do shopping da avenida Higienópolis (São Paulo), principalmente o primeiro, à frente da Livraria Saraiva, que ao fim da tarde não tem uma só cadeira vazia. Não são exatamente eles. Na verdade, a grande maioria é de mulheres, algumas de cabelos brancos, outras nem tanto, mas todas elegantemente vestidas. Às vezes formam um grupo de quatro ou cinco, ou são também duplas e trios, uma ou outra solitária, mas nenhuma demonstra qualquer tristeza. Pelo contrário, são sorridentes e alegres, como bandos de andorinhas.
Percebe-se certa disponibilidade. Quem se aproxima recebe amável cumprimento, nem parecem paulistanas. Percebe-se também que são exigentes e literalmente espaçosas, daquelas que ocupam a mesa, as cadeiras, o corredor - se houver - e colocam suas bolsas sobre alguma cadeira vazia por perto.
O shopping é daqueles que permitem a entrada de cães, desde que tenham suas respectivas coleiras. Daí o desfile de todas as raças, muitos vestidos também elegantemente, como as donas.
Vantagem para os tietes: como o bairro é habitado por famosos e globais, pode-se cruzar com o humorista Jô Soares, os jornalistas Juca Kfouri, Mário Almeida ou Arnaldo Jabor, o violonista Fábio Zanon, os repórteres Caco Barcelos ou Graziela Azevedo. Pode-se encontrar até o jornalista Joezil Barros, presidente dos Diários Associados no Nordeste, um velho amigo, a quem perguntei o motivo de tão inusitado encontro. Acompanhava  a maratona da esposa nas vitrines, naturalmente.
Em julho, mês de férias, encontra-se a professora de música Paola Picherzky, também violonista das Choronas e - pra quem não sabe - minha nora, mãe de três de meus seis lindos netos. (Desculpem forçar a barra. Como explico no início, a proposta é escrever qualquer coisa, ou sobre qualquer coisa, inclusive impertinências).
Vantagem para os exigentes: como o shopping não conta com nenhuma estação de metrô ou linha de ônibus por perto, o público é naturalmente selecionado. Ou se chega a pé, a partir dos luxuosos apartamentos em seu redor, ou de automóvel, pagando aqueles preços que todos conhecem, a primeira hora, a segunda, a terceira...
Finalmente, há que se chegar com os bolsos recheados, pois um cafèzinho é pela hora da morte. Por enquanto, não há nenhuma tabela de preços nos banheiros, tampouco se paga pelo desfile de lindinhas  em flor. Adoro.

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