A DOENTIA POLÊMICA DA SAÚDE
A mais nova polêmica já nas ruas é a obrigatoriedade dos
médicos trabalharem dois anos no SUS antes de receberem seus diplomas. Os
médicos estão indignados, sem levar em conta que o projeto continua em
discussão e ainda será submetido a amplos debates na Câmara e no Senado. A ideia
já havia sido cogitada pelo insuspeito Adib Jatene na Comissão de Ensino do
Ministério da Saúde, da qual faz parte, com a justificativa – entre outras - de
que o médico deveria ser generalista, antes de especializar-se. Defende o
cardiologista que uma atuação nos bairros ou no Interior daria ao médico uma
formação humanística, uma visão mais global do ser humano, com todas as complexas
interações que agem sobre sua saúde, enquanto a especialização torna-o
dependente da frieza tecnológica. Em todos os cargos públicos que ocupou, o professor
Adib Jatene criou e defendeu programas de atenção voltados para a humanização
do atendimento médico, inclusive a domicílio.
Outro aspecto sempre lembrado nas discussões é que o ensino
da Medicina é o mais caro de todos os cursos, sendo justo que o Estado obtenha
algum tipo de retorno. A prestação de serviços por dois anos seria uma maneira
de pagamento desse serviço. Por outro lado, a maioria dos que ingressam nas
faculdades públicas é constituída de pessoas de maior poder aquisitivo.
Quanto a contratação de médicos estrangeiros para as periferias
ou cidades desprovidas desses profissionais, sabe-se que ela somente ocorrerá onde
os brasileiros não preencherem as vagas oferecidas. Já o projeto que restringe
a atuação de psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e demais profissionais da
área de saúde, concedendo aos médicos a exclusividade de determinados atos, constitui
uma espécie de reserva de mercado. A atuação desses profissionais tem sido de
grande ajuda nos diversos tipos de tratamento e não consta que prejudique ou
agrave o estado de saúde dos pacientes.
Nada mais justo que protestar, mas talvez fosse conveniente participar
da formulação dos itens dos projetos, que se desenrolarão no fórum adequado - a
Câmara e o Senado.
Já que todos se queixam da inoperância dos políticos, que
tal obrigá-los a melhorar esses projetos, tentando soluções possíveis, próximas
do ideal? A doentia polêmica em torno da saúde poderia resultar em saudáveis
resoluções.
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