UMA VIDA PELA EDUCAÇÃO

A biografia de Luiz Pessoa da Silva é a história de um homem que dedicou toda sua vida à educação. Contada nos mínimos detalhes por uma de suas filhas, Lenira Tabosa Pessoa, o livro Um homem chamado Luiz, das Edições Loyola, constitui também importante contribuição à história de Caruaru, ao registrar os primeiros passos da criação dos educandários de nível ginasial, colegial e superior. Considerando-se que nas salas de aula desses estabelecimentos sentaram-se praticamente todos os representantes da sociedade local, pode-se concluir também que o livro perpassa de certa forma a história da cidade. Antes de formar-se em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco em 1957, a autora passou por todas essas escolas de Caruaru. Depois de formada, estudou no México e nos Estados Unidos fixando-se em São Paulo, como médica do Hospital do Servidor Público estadual, além de médica da Varig. Acostumada à pesquisa, buscou obstinadamente todos os detalhes sobre o pai, desde suas origens em 29 de junho de 1907, quando nasceu em Lagoa Seca, hoje município de Upatininga (PE). Entre outros detalhes, descobriu as origens refinadas da família, já que os avós de Luis Pessoa da Silva, pelo lado materno, eram das famílias Camelo e Pessoa de Queiroz. Lenira detalha a árvore genealógica no início do livro. Luiz Pessoa chegou a Caruaru em 6 de junho de 1922. Como João Lyra Filho e outros ilustres forasteiros, passou a dedicar-se à cidade como se nela tivesse nascido. Mais que isso, com a dedicação que poucos filhos da terra se podem orgulhar. Em 1926 era guarda-livros das principais empresas da cidade. Em 1927 inicia-se como professor de Inglês. Um detalhe curioso é que o Dr. Luiz (assim ele era conhecido na cidade) foi o primeiro brasileiro a obter o registro profissional de guarda-livros (contador) nos órgãos competentes. Para tanto, viajou de navio para o Rio de Janeiro, em 1931,a fim de validar seu diploma no Instituto Brasileiro de Contabilidade, após exames práticos e teóricos. Casado com Laura Tabosa, o Dr. Luiz teve cinco filhos, que honraram seus ensinamentos e fizeram carreiras brilhantes em suas respectivas vidas profissionais: Lenira, Lenildo, Lenilso, Lenita e Lenice. O livro de Lenira comprova à exaustão os esforços do Dr. Luiz em prol da educação em Caruaru e desmente as tentativas de roubar-lhe o título de criador das primeiras escolas de ensino superior na cidade. Reproduz, inclusive, famoso desagravo publicado no Diário de Pernambuco em 14 de fevereiro de 1980, com 427 assinaturas em solidariedade ao Dr. Luiz. Os nomes constantes de tal documento são os mais representativos da sociedade caruaruense. Por sua diversidade, constituem mostra relevante da importância do educador, reconhecido e aclamado por médicos, advogados, bancários, comerciantes, dentistas, professores, líderes sindicais, engenheiros, motoristas e até um alfaiate de minha família, José Sales Tiné. A publicação era uma resposta a uma nota publicada dias antes no próprio Diário de Pernambuco, chamando o Dr. Luiz de “Engenheiro de Obras Feitas”, atribuindo a outrem a criação dos cursos superiores de Caruaru . A autora teve o cuidado de reunir o maior número possível de documentos, como atas, artigos publicados em jornais, registros em Cartório de Título e Documentos, origem dos recursos empregados na construção de prédios e estatutos da Sociedade Caruaruense de Ensino Superior, de forma a não deixar dúvidas sobre a dedicação de Dr. Luiz à causa da educação. Talvez nem precisasse tanto. O maior legado de Dr. Luiz foram os milhares de alunos que se beneficiaram de suas lições e exemplos e que até hoje testemunham seu empenho na preparação moral e intelectual. Quando ele morreu a 3 de abril de 1985, um dos seus ex-alunos estava nos corredores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, onde era assessor de imprensa, relembrando o Colégio de Caruaru, onde fez parte do ginásio com bolsa de estudos por ele concedida. Esta era outra faceta da personalidade do educador. Por trás de um homem exigente, de comportamento quase militar. que alguns criticavam,havia um homem sensível à pobreza, pronto a ajudar a quem precisasse.

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