MÚSICA E LAZER EM SAMPA

Uma das vantagens de morar em São Paulo é que ninguém precisa ser fiel a um restaurante, a um parque, a uma praça, a um cinema, a uma igreja, a um museu ou a uma universidade. Se quiser, pode escolher um por dia - e terá diversidade assegurada o ano inteiro.
Não tenho em mãos as últimas estatísticas do IBGE, mas no caso dos restaurantes o morador ou visitante precisaria de mais de um ano para comer do bem e do melhor a cada dia. Elizabeth Gilbert deveria ter vindo a São Paulo, e não a Roma, para escrever o best seller Comer, Rezar, Amar.
No caso dos parques, limito-me ao Ibirapuera, ao Água Branca e ao Villa-Lobos, onde levava dois meus filhos e ainda hoje levo meus seis netos, aos domingos ou às vezes também num ou noutro dia de semana. Além do sol, indispensável à nossa saúde como fonte de vitamina D, temos uma convivência com amigos ou desconhecidos, em inesperados encontros, que estimulam a sociabilidade.
No Ibirapuera já vi e ouvi as melhores orquestras do mundo - da Alemanha, da França, da União Soviética, dos Estados Unidos, e também grandes astros nacionais e internacionais, sem gastar nenhum tostão. No último domingo, foi a vez da OCAM-Orquestra de Câmara da ECA/USP, sob a regência de Gil Jardim, tendo a participação especial do excelente gaitista italiano Gianluca Littera. Com poucos ensaios, os músicos da Escola de Comunicação e Artes da USP conseguiram um entrosamento completo com o artista estrangeiro, tocando um repertório exclusivamente de música brasileira.
No caso em tela, infelizmente, o público não era o mesmo quando anunciados astros ou estrelas de grande popularidade. Foi o caso, por exemplo, de Maria Rita, que levou uma multidão ao Parque da Juventude há alguns dias. Quem não quer vê-la cantar os sucessos de sua mãe, Elis Regina?
No momento a bola da vez é André Rieu, que desfila os grandes sucessos mundiais no Ginásio do Ibirapuera, outro consagrado templo de espetáculos da capital paulista. Os mais exigentes torcem o nariz, manifestando estranheza pela exploração das músicas mundialme nte reconhecidas. No repertório entra até Michel Teló, que também foi incluído na programação junina do Maior São João do Mundo, o de Caruaru. Quando soube disso, apressei-me a criticar o prefeito José Queiroz por tamanha apelação. Talvez seja melhor pensar direitinho a esse respeito. Ai se eu te pego não é nenhuma Sole Mio, mas pode vir a ser. Trocaríamos Aquarela do Brasil por uma dancinha surgida lá pelo Nordeste, essa malfadada região de economia combalida mas de bravos artistas. Não se espantem ao ouvir, por exemplo, a Orquestra Sinfônica Jovem, do Conservatório Pernambucano de Música que, a exemplo da OSESP, percorre o Interior levando a boa música aos instintivos musicistas nordestinos. Em cada cidade, ela desperta jovens talentos.
Esta semana se encerra o prazo de inscrições para os candidatos ao Prelúdio, da TV Cultura. Trata-se de original programa de calouros, voltado exclusivamente para a música clássica. Este ano a Unicamp abriu vagas para alunos de música popular, nova oportunidade para quem deseja seguir uma carreira menos leiga ou informal, mais pragmática. Quem sabe, assim, as próximas Viradas Culturais apresentem programação de melhor qualidade.
Enquanto isso, paulistanos e visitantes podem usufruir dos parques e da programação das unidades do SESC, do SESI e de vários institutos culturais como o Itaú, o Moreira Sales e as casas de cultura da Caixa e do Banco do Brasil, entre outros. Nem tudo está perdido.

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