MCP encena peça em Brasília em 1962


REGISTRO EXCLUSIVO E ÚNICO


Nos anos 60 Recife fervilhava com projetos do Movimento de Cultura Popular, idealizado por Germano Coelho com apoio do governador Miguel Arraes de Alencar. O movimento era multicultural e abraçava teatro, balé, música, poesia, literatura, educação, artes plásticas e toda e qualquer manifestação que contribuísse para a cultura popular, a chamada educação das massas.

Além dos artistas locais, como José Wilker, Luís Mendonça, Ilva Niño, Terezinha Calazans e Moema Cavalcanti, entre outros, o movimento recebia artistas do CPC do Rio de Janeiro. Um deles, Nelson Xavier, fascinado com a agitação cultural daqueles dias, embalada pela aura em torno de Arraes, chegou a mudar-se para a capital pernambucana. À noite, embalados por um dia inteiro de ensaios e discussões político-filosóficas, todos se reuniam no Bar Savoy, da avenida Guararapes. É aquele que ficou na história por causa de um poema de Carlos Pena Filho (...”são trinta copos de chopp/são trinta homens sentados/treze ntos desejos presos/trin ta mil sonhos frustrados”). Modéstia à parte, eu sempre estava lá e, certa vez, emprestei dinheiro a José Wilker para tomar último ônibus de Olinda, onde ele morava.

Em 1962 o grupo de teatro do MCP encenou “Julgamento em novo sol”, peça de Augusto Boal, Benedito Araújo, Hamilton Trevisan, Modesto Carone e Nelson Xavier. O sucesso foi tanto que o grupo foi convidado a levar a peça no Rio de Janeiro e em Brasília. O grande elenco exigiu dois aviões (DC-3) da FAB, como o da foto exclusiva e única, de minha autoria.
Em Brasília o espetáculo foi apresentado no Teatro Nacional e em seguida todo o elenco foi recebido em coquetel pela primeira dama, Teresa Goulart, no Palácio do Planalto.

Flávio Tiné

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