UNIVÍRUS
A mais recente onda é trabalhar em casa, usando as
facilidades do home office. O jornal o Estado de S. Paulo fez um caderno
especial de seis páginas explicando tudo a respeito. A louvável iniciativa
esbarra na pergunta de Caetano Veloso: quem lê tanta notícia? Terá o leitor
tempo e disposição para digerir tanta informação? Até mesmo um jornalista
metido a escritor sofre ao tentar compreender tantas explicações.
Resta-me agradecer a iniciativa e torcer para que todo
mundo usufrua da nova modalidade de comunicação. Por enquanto, me contento com
Watt Sap, Facebook e Instagran, que substituem com vantagens o dominó e o gamão
dos aposentados de outrora.
Sabe-se que a televisão, o rádio e a internet tem sido
de grande utilidade para quem fica em casa. Antes, havia também o jornal, cuja
assinatura garantia informação e entretenimento. Até hoje sou viciado na edição
impressa em papel, que nos dá também o prazer de folhear, reler, recortar e guardar.
Nos últimos dias a edição impressa tem dado raiva. Tem tudo que já vimos e
ouvimos à exaustão na noite anterior. Haja saco.
A ansiedade é muita, aguçada pelas ameaças à saúde.
Mesmo assim, considero inaceitável a cobrança desenfreada de certos
apresentadores de televisão, querendo a qualquer custo que o presidente, o
governador, qualquer autoridade decrete o fim do mundo. Querem, suponho, que as
autoridades apressem o fim das desgraças, prendam e arrebentem por decreto-lei.
Ficar em casa é ótimo. Mas também é bom andar,
conversar com as pessoas, ver a paisagem, tomar café na padaria, comer pastel
na feira, ir a um motel...
O implacável ataque do coronavírus trouxe a novidade de
colocar num mesmo barco ricos e favelados. O colete salva-vidas que alguns
compravam a qualquer preço não está à venda em nenhum shopping center.
SP 22/03/2020
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