FERNANDO LYRA NO INCOR
Causos do isolamento
FERNANDO
LYRA, INCOR E EBN
Quando o
deputado federal Fernando Lyra era internado no Instituto do Coração (Incor)
tinha a oportunidade de revê-lo, sempre acompanhado de sua esposa, Márcia Lyra.
Conversávamos não apenas sobre as pontes de safena que ele recebera, mas também
sobre Caruaru, onde vivi parte da juventude e conheci também o prefeito, João
Lyra Filho, pai dele.
Ministro
da Justiça, tive a ideia de consultá-lo sobre a possibilidade de me indicar
para trabalhar no escritório paulista da EBN-Empresa Brasileira de Notícias,
tendo como argumento a facilidade de contato com a imprensa, reforçada desde a
internação de Tancredo Neves.
Como se
recorda, mais de mil jornalistas recorriam à assessoria de imprensa do
hospital, assessorados por Antônio Brito e eu, no acompanhamento do estado de
saúde do presidente da República.
Algum
tipo de sentimento me levara a solicitar tal indicação. Tinha conhecimento de
que algumas pessoas estavam interessadas em ocupar o meu cargo, ora por
ambição, ora para colocar no lugar seus apadrinhados. As pressões partiam de
professores decepcionados com minha suposta falta de interesse pela
especialidade dele, nas minhas ações junto à grande imprensa. Um deles alegou
explicitamente que queria o cargo para um de seus filhos, que se formara em
jornalismo.
Mas eu
era concursado e tinha estabilidade.
Trocar a
assessoria de imprensa do HC pela EBN não traria nenhuma vantagem salarial,
apenas proporcionaria uma oportunidade de sair desse enrosco.
Para
minha surpresa, encontrei grande inquietação no escritório quando iniciei
visitas para tomar conhecimento do tipo de atividade que desenvolveria. Visivelmente insatisfeitos, os colegas me
questionavam, querendo saber porque eu deixaria emprego tão sólido para
trabalhar num lugar inseguro, sujeito a chuvas e trovoadas. O próprio diretor
da sucursal insuflava os jornalistas a me convencer da besteira que eu estava
fazendo. Toda vez que tentava tomar pé da situação para assumir o cargo, era
alvo de argumentação no sentido de desistir da ideia, por um milhão de motivos.
De fato,
o exercício do cargo exigia energia. Não seria fácil comandar um monte de
jornalistas escolados nas disputas internas e externas e no jogo baixo por
cargos. Justo eu, bonachão e de fala mansa.
Mais ou
menos naquela época circulava a piada de que o melhor hospital do Planalto era
a ponte aérea Brasília-São Paulo. Qualquer deputado ou senador que tossisse ia
para o Incor.
A
nomeação já estava pronta quando liguei para Fernando Lyra, agradeci e desisti.
Ai de mim se tivesse ido.
SP
18/04/2020
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