JUCA KFOURI CONFESSA QUE PERDEU

Desde que me aposentei há mais de dez anos desenvolvi especial interesse por biografias, especialmente de artistas, já que por algum tempo fui repórter de variedades. Cheguei a fazer uma, a de Taiguara, mas não tive fôlego para publicar, diante da possibilidade de conflitos envolvendo possíveis herdeiros. Mesmo assim, tudo o que reuni a respeito, o máximo que consegui, coloquei na internet para quem quisesse ler. Algumas pessoas se interessaram, mas não o suficiente para despertar o interesse das editoras. Consolo-me, então, com a experiência de um velho amigo que há mais de vinte anos tenta fazer uma biografia de Stalin. Mais uma, pois já existem pelo menos umas vinte, afora os livros sobre a revolução russa, que também contam quem foi ele. O amigo em questão morou alguns anos em Moscou, onde estudou Economia. Mesmo assim não consegue iniciar seu trabalho, sabe-se lá porquê. Há pouco li a biografia de Juca Kfouri, intitulada “Confesso que perdi”. Cruzei com ele muitas vezes nos corredores da Abril, onde era conhecido por sua intimidade com os Civita e demais diretores da editora. Tipo do executivo, sempre ágil no andar e no falar. Brigou, brigou, e agora conclui que é um perdedor? Não entendi muito bem o que é que ele perdeu. Resta sua paixão pelo futebol e o fato de ter convivido com grandes personalidades esportivas e políticas, por força de sua função de repórter, editor, comentarista de TV, diretor de revistas e executivo. Suponho que a mistura de Placar, Playboy e idealismo político não foi adequada ou não lhe fez bem. Além disso, devido à sua franqueza, ele contraria a recomendação de fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie, cultivando algumas inimizades. Fica o registro da honestidade que herdou do pai, promotor público incorruptível. Muito antes da Lava Jato, Juca Kfouri denunciava a máfia dos esportes em seus programas de rádio e TV e em suas colunas de jornal e revista. Sua biografia junta paixão pelo futebol, beleza da mulher nua e a incorruptibilidade. Pena não se referir em nenhum momento ao trabalho de sua irmã, Maria Luiza Kfouri, dona de profundo estudo sobre a música popular brasileira. 13/11/2017

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