APESAR DE TUDO


Já li os jornais (de papel), fiz palavras cruzadas, tomei café com leite, vi a vizinha caminhando em direção à academia e ouvi os helicópteros sobre minha cabeça, provavelmente em direção à Marginal Tietê para filmar os congestionamentos. Li até o repelente artigo sobre a situação dos professores. Mais à direita, impossível.
Uma boa notícia é a inauguração no dia seis de maio de mais um espaço cultural em São Paulo: o Teatro Porto Seguro, nos Campos Elísios. A nova casa abre com um show de Ney Matogrosso intitulado “Atento Aos Sinais”, e em seguida recebe Tiago Abravanel e Maria Rita. Tem 508 lugares, num ambiente confortável e, portanto, de alto luxo.
A mesma matéria informa que em breve São Paulo ganhará mais duas novas casas de espetáculo: o Teatro Santander e o Teatro Villa Lobos, ambos no Shopping JK Iguatemi. O primeiro terá 1.800 lugares, sendo, portanto, o maior da cidade. Até agora, a Sala São Paulo é o maior deles, com 1.400 lugares.
Para quem gosta de espetáculos teatrais e musicais é uma boa notícia, embora todas essas iniciativas se destinem a quem dispõem de certa grana. Como se sabe, para ir a esses teatros gasta-se muito dinheiro. Além dos ingressos é preciso pagar estacionamento ou táxi, afora despesas extras com cafezinho e lanche, pela hora da morte.
Não sendo economista, sociólogo, nem administrador, ousaria perguntar como e de onde surgem tantos recursos? Qual a lógica desses empreendimentos gigantescos? O que move esses empresários? Obviamente, nenhum deles gasta essa grana toda em vão. Não constroem nada sem calcular rigorosamente o retorno de seus investimentos. Recorrem também aos mecanismos de incentivo cultural.

O fato é que a cidade, que já dispõe do maior número de espetáculos do mundo em fins de semana – mais de mil, a maioria gratuitos – passa a contar com três luxuosos teatros, para deleite dos que quiserem e puderem se divertir à vontade, apesar de tudo. 

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