OS 70 ANOS DE RONNIE VON

Ronnie Von faz 70 anos e ganha, merecidamente, excelente reportagem de Júlio Maria no Caderno 2 do Estadão. Decepcionado com a carreira de cantor, ele se transformou em bom apresentador, conquistando principalmente o público feminino, que costuma aplaudir sua elegância e sua beleza física - mais do que sua voz. Realmente, seu programa na TV Gazeta tem certo bom gosto, embora nem tudo seja de bom gosto. Na entrevista, Ronnie condena o jabá – tendência que condiciona o sucesso à compra de “espaços” na mídia para alcançar o sucesso. Sem nenhuma contrapartida mostra em seu programa alguns cantores sem a menor expressão, que valem mais pela amizade ou pelas ligações familiares do que pelo eventual talento. Quando o conheci, vindo de Niterói para aventurar-se no promissor mercado paulistano, Ronnie já era casado com Aretuza e se instalou num apartamento da Avenida Santo Amaro. Nas primeiras entrevistas impunha uma condição: não contar nada sobre seu estado civil. Na época, década de 60, era comum tentar iludir as fãs com uma solteirice, o que transformava os astros em candidatos naturais a um romance, ou marido, sei lá. Assim, nenhum cantor, não apenas Ronnie Von, dizia se era casado. Numa certa reportagem, quando ele atingiu o auge do sucesso com “Meu bem”, a revista Intervalo, que circulava às quintas-feiras, decidiu de última hora dedicar-lhe a capa e pediu-me a elaboração de um texto às pressas, considerando que eu já fizera algumas entrevistas com ele e conhecia melhor do que ninguém sua trajetória de iniciante. Ronnie se apresentava todos os domingos no programa Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos na TV Record. E eu estava lá. Perguntei ao chefe de reportagem Gilberto Di Pierro se poderia escrever o que quisesse e ele disse sim. Foi quando contei que Ronnie era casado. No dia seguinte, lá estava ele na redação da Marginal do Tietê, com empresário e advogado, protestando contra minha indiscrição. Após a devida acareação, na sala do diretor da revista, Odilo Licetti, deixei a sala convencido de que estaria demitido. Qual o quê. O diretor conseguiu de alguma forma minimizar a questão. Mesmo porque não havia nenhuma mentira. O programa de Ronnie Von na TV Gazeta caracteriza-se por prestigiar pessoas e eventos de fino trato. Embora nem tudo o seja de fato, como sugiro no início deste comentário. Diante do festival de horrores da programação geral das TVs, chega a ser recomendável. Hoje, já não seria tão implacável quanto o era ingenuamente ao assinar coluna sobre televisão no jornal A Gazeta, com o pseudônimo de Zé Flávio.

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