ENVELHECIMENTO SOCIAL

“Eu não tinha essas mãos frias e mortas, eu não tinha esse coração que nem se mostra. Eu não dei por essa mudança tão cedo, tão simples, tão fácil. Em que espelho ficou perdida a minha face?”, escreve Cecília Meirelles, ao perceber sinais de envelhecimento.

Esse epíteto é utilizado pela nutricionista Marta Merenciana Del Biggio de Freitas, formada pela Universidade São Camilo e voluntária da Universidade Aberta para o Envelhecimento Saudável, do HCFMUSP, em aulas para os idosos.

Eis uma nova realidade que ronda os brasileiros: estamos envelhecendo. Cresce o número de pessoas com mais de sessenta anos, conforme comprovam todas as estatísticas oficiais.

Se não é nenhuma tragédia, a constatação exige de cada um de nós uma nova postura, que vai além da criação do Estatuto do Idoso.

A maioria das pessoas não percebe os sinais de envelhecimento. Parece haver um mecanismo subconsciente destinado a esconder todo e qualquer sintoma. É preciso que uma doença objetiva transmita os referidos sinais. Um dos mais claros deles, no homem, é a diminuição gradativa da capacidade de ereção. Por ser gradativa, torna-se quase imperceptível, com a desculpa de que acontece com qualquer um. O homem se recusa a aceitar sua realidade.

Tanto quanto as doenças, o que mais preocupa é o envelhecimento social, que ocorre quando o indivíduo se supõe isolado pela família ou pelos amigos, quando os tem, ou pior ainda, quando não os tem. Alguns se isolam por timidez, outros alegam não ter condições financeiras ou roupas adequadas para freqüentar clubes e certos ambientes. Outros preferem acomodar-se numa poltrona, assistindo o que gosta e o que não gosta na televisão.

Felizmente uma quantidade cada vez maior de entidades, como o SESC, por exemplo, vem se preocupando com esse fenômeno da sociedade, agravado com o crescimento do número de idosos em boas condições de saúde.

Outra novidade relativamente recente é o surgimento de universidades abertas à terceira idade em todas as escolas de nível superior. Em São Paulo, uma delas é a UNAPES - Universidade Aberta para o Envelhecimento Saudável, criada pelo titular de Geriatria da Faculdade de Medicina da USP, Prof. Dr. Wilson Jacob Filho, que é também chefe do Departamento de Geriatria do Hospital das Clínicas. A entidade não concede diplomas oficiais, mas prepara os idosos para uma vida melhor e forma multiplicadores, que nos anos posteriores se dedicam a um programa de educação continuada para um envelhecimento saudável. Como o número de vagas é limitado, a maior dificuldade tem sido acolher o grande número de idosos que desejam frequentar suas palestras e oficinas.

Obviamente não é indispensável recorrer a esse experiente. A dica mais simples é mexa-se. Qualquer um, em sua própria casa, com o auxílio de familiares ou da Internet, pode programar suas atividades de forma a evitar o isolamento.

O envelhecimento social não é uma doença e nem sempre dá sinais. É necessário que cada um se conscientize da necessidade de praticar a convivência, com o objetivo de manter-se saudável o maior tempo possível.

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